Sunday, March 11, 2012

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Trinquei-o. Sofregamente. Devia saber doce mas não estava certo. O recheio. Penso que a dúvida residia no recheio. Porque os sonhos devorados confundem-se com descargas hormonais nem sempre prazerosas. Necessárias, mas nem sempre prazerosas. Que te passou pela cabeça para me ofereceres um bolo cheio se sonhos?! Ainda assim, trinquei-o sofregamente. Mesmo depois de me consciencializar que não havia ali a doçura que imaginara. Que me fez salivar quando o trazias, pousado em ambas as mãos, e mo oferecias, sorriso de orelha a orelha "Toma. Fi-lo para ti.". Gravaste aquele momento na minha memória. Gravaste muitos outros mas mais nenhum me persegue. Gravaste na minha memória o teu semblante de felicidade angelical, a voz perfeitamente colocada para transmitir uma candura que não te conhecia, sorriso de orelha a orelha. Um milésimo de segundo. É tanto quanto preciso de me demorar na memória daquele momento para que uma lágrima escorra pelo rosto, mais enrugado. E depois outra. E outra. E mais outra. E depois outra. E outra. E outra mais, misturando-se com a falta de doçura daquele bolo recheado com todos os sonhos. E eu a trincá-lo sofregamente sem conseguir parar. E as lágrimas compassadas. No tempo certo. Incapazes de serem mais fortes que a minha sofreguidão. Sorriso de orelha a orelha. Uma candura que não te conhecia. O teu semblante de felicidade angelical, a voz perfeitamente colocada "Espero que gostes.". Ofereceste-mo, pousado em ambas as mãos, recheado com todos os meus sonhos, trincado, sofregamente, a não saber doce, como se de uma descarga hormonal nem sempre prazerosa se tratasse. Os meus sonhos. Todos os meus sonhos.

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