Wednesday, February 15, 2012

Assim.


Quando chegas, trazes contigo algo que desconheço. Almas de outros tempos entranhadas no corpo. Bem rente ao osso como se pertencessem ao esqueleto que te sustenta.
Olhas-me. Não nos olhos. Enquanto te chegas cada vez mais perto. Pé ante pé. Uma mão depois da outra.
Sinto-te para lá da distância que nos separa. E que tu transpões como se de uma insignificância se tratasse.
Chegas e apertas-me forte combatendo o discernimento que te impele a fugir de mim. Como se trocássemos de papéis. Predador. Vítima.
Vítima. Predador. Os teus teus atrás. Ou à frente. Não me apercebo. Desconheço se é de facto a minha pessoa que tu olhas. Se também eu trago outros atrás ou à frente e se é a esses que tu queres chegar. Pé ante pé. Uma mão depois da outra.
Chegas e sussurro-te “Tu és pelo mal...”
Chegas e gritas-te “Tu és pelo mal!”
Enquanto me agarras as mãos para não me escapares.
Assim.
Sempre.

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