Monday, August 13, 2012

preso


Abri-te a porta, a medo. Sentei-me e fiquei a observar. Entraste mesmo sem convite. Sabias que nunca te diria para o fazeres. Sabias que estava longe do meu pensamento, do meu sentimento. Sabias que tudo faria para te parar. Por isso entraste sem convite como que firmando a tua convicção de que nada te impediria. E eu que luto com todas as minhas forças, abro-te a porta, a medo. Sento-me a observar-te entrar sem convite. Ou terei sido eu a convidar-te mesmo que as palavras não tenham sido audíveis? Serás tu capaz de tamanha façanha? A dança que se seguiu não foi bonita de se ver. Cortejaste-me como se o dia fosse o último. Sem fechares a porta. Cortejaste-me como se tudo o que quisesses dizer se resumisse em três pequenas palavras. De mais ninguém. Cortejaste-me sem fechar a porta, aquela que usaste para entrar. Para sair. Ainda me cortejavas quando saíste. Sentado, observava-te, sem convite. Pela porta, aberta a medo, que eu não sei fechar.

No comments: