Hoje é dia de fazer coisas que não faço há eternidades. Sentei-me e criei uma playlist, um mundo de recordações, de encontros e desencontros, uma colectânea de momentos.
E relembro dois jovens aos berros…
"Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
'Tá tudo assim tão diferente."
Relembro outros momentos, aqueles mais introspectivos, não menos sossegados, no quente e frio de uma casa. Talvez a vida seja isso mesmo, um conjunto de recordações guardadas e acumuladas, estranhas e familiares, perseguindo-nos, lembrando-nos o que somos e o que fomos. O retorno é sempre impossível. O caminho continua, sempre em frente. Não espera.
Relembro sentimentos. Há momentos que se prendem a sentimentos.
E relembro a propósito de sentimentos, momentos e caminhos o que uma personagem de um triste livro profere, a determinada altura, nas seguintes palavras:
«Tenho por hábito vir de mota. Os veículos de duas rodas têm outro encanto, transparecem mais realisticamente a vida, a corda bamba que percorremos diariamente, da qual não podemos cair, na qual somos obrigados a mantermo-nos direitos, na qual tropeçar iguala a morte. Sem retrocessos, nem desvios…
(...)
Isto a maioria das pessoas não entende. Não compreende que quando caímos e nos levantamos estamos na realidade a seguir em frente, que uma verdadeira queda implica a morte. Por isso vivemos todos vidas paralelas, agarramo-nos aos outros para não largarmos a corda. Somos suficientemente egoístas para gostarmos mais deles do que de nós. Abandonámos as comunidades onde vivíamos serenamente em grupo e chamámos a isso civilização, sociedade, evolução, cultura.»
Relembro momentos passados em concertos.
Relembro o calor das pessoas, a felicidade que nos preenche, que torna um conjunto de seres tão dispersos e diferentes numa massa una, compacta, cantando e entoando ao sabor das melodias sejam elas tristes ou alegres…
Relembro o calor das pessoas, a felicidade que nos preenche, que torna um conjunto de seres tão dispersos e diferentes numa massa una, compacta, cantando e entoando ao sabor das melodias sejam elas tristes ou alegres…
"Eu só queria dançar contigo Sem corpo visível
Dançar como amigo
Se fosse possível
Dois pares de sapatos levantando pó
Dançar como amigo só"
Dançar como amigo
Se fosse possível
Dois pares de sapatos levantando pó
Dançar como amigo só"
Relembro momentos a dois.
Relembro momentos em grupo, reduzido, poucas pessoas mas sempre boas, as melhores.
Relembro, recordo, sinto o repto para voltar atrás. Fazer e refazer, aprender, conhecer, recomeçar. E agradeço ter recordações que me façam querer voltar. Seria muito mais cinzento sem esta vontade de reviver. Agradeço que estas se sobreponham a todas as outras, aquelas esquecidas, aquelas a que não devemos dar tempo, esse bem escasso e precioso, cujo fim nos está destinado.
Relembro, recordo e sinto. E parto. Parti…
Relembro momentos em grupo, reduzido, poucas pessoas mas sempre boas, as melhores.
Relembro, recordo, sinto o repto para voltar atrás. Fazer e refazer, aprender, conhecer, recomeçar. E agradeço ter recordações que me façam querer voltar. Seria muito mais cinzento sem esta vontade de reviver. Agradeço que estas se sobreponham a todas as outras, aquelas esquecidas, aquelas a que não devemos dar tempo, esse bem escasso e precioso, cujo fim nos está destinado.
Relembro, recordo e sinto. E parto. Parti…
"A 125 azul
Foi sem mais nem menos que me deu para arrancar sem destino nenhum
Foi sem graça nem pensando na desgraça que entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura para insistir na companhia
O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta
Nem sei mesmo se Lisboa não partiu para parte incerta
Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes
Sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar."
Foi sem mais nem menos que me deu para arrancar sem destino nenhum
Foi sem graça nem pensando na desgraça que entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura para insistir na companhia
O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta
Nem sei mesmo se Lisboa não partiu para parte incerta
Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes
Sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar."
And then again,…
"Esta é só uma noite para partilhar
Qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
Um lugar a salvo para onde correr
Quando nada bate certo e se fica a céu aberto sem saber o que fazer
Esta é uma noite para comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
Um lugar para nós onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
E se anseia pelo abraço de um amigo
Esta é só uma noite para me vingar
Do que a vida foi fazendo sem nos avisar
Foi-se acumulando em fotografias
Em distâncias e saudade
Numa dor que nunca cabe
E faz transbordar os dias"
Qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
Um lugar a salvo para onde correr
Quando nada bate certo e se fica a céu aberto sem saber o que fazer
Esta é uma noite para comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
Um lugar para nós onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
E se anseia pelo abraço de um amigo
Esta é só uma noite para me vingar
Do que a vida foi fazendo sem nos avisar
Foi-se acumulando em fotografias
Em distâncias e saudade
Numa dor que nunca cabe
E faz transbordar os dias"
Até sempre.
1 comment:
Ao "frango":
Devias abrir o livro mais vezes.
Falas de recordações, desse lado (que se quer bom) eterno do que fica para sempre.
A esses dois jovens que berraram "mudaram as estações...", falta uma parte importante: "nada vai conseguir mudar o que ficou".
É fatalista. Mas é um fatalismo sorridente, sem fados de angústia em travessas lisboetas. nada vai conseguir mudar, o que ficou de bom.
Gosto tanto de ti.
"rena"
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