Depressa. Se me vais matar, mata-me depressa. Não te ponhas aí com falinhas mansas. Rodeios e mais rodeios atrás de rodeios. Estou aqui. De joelhos. Corta-me a cabeça e já está. Um só golpe. Seco. Rápido. Eficaz. Sentes-te capaz desse breve momento de altruísmo? Ou perpetuarás essa tua necessidade sádica que não te deixa libertares-me?
Não sei como chegámos aqui. Não sei como deixei que tomasses tamanho controlo. Que até a morte está nas tuas mãos.
Dizias-te diferente. E eu, ingénuo, acreditei. Dizias-te capaz de me fazer feliz. E eu, ingénuo, acreditei. Que só nós importávamos e que seria assim para sempre. Para sempre. E eu, que nunca acreditei na eternidade, ingénuo,...
Acreditei. Acreditei que eras diferente, que me farias feliz, que só nós importávamos e que seria assim, para sempre. E assim foi até que outros vieram. Entraram de rompante pela vida que era minha e fizeram-te querer ser diferente com eles.
Antes de ti, já me teria ido embora. Voltado as costas e ido embora.
Compreendes o desespero em que me encontro? Aqui, de joelhos, à espera que desfiras o golpe fatal. Porque não me consigo levantar, voltar-te costas e ir-me embora. Dizem-me que sou mais importante. Mas nada é mais importante que tu e eu tornei-me num mero objecto.
Que usas e manipulas a teu belo prazer quando os outros te cansam. Voltas e revoltas. Revoltas-me mas nem isso é suficiente.
Vá lá, depressa. Mata-me depressa e vai-te embora. Deixa-me. E deixa-me continuar. Seguir-te. Prosseguir-te. Imploro-te. Não é que eu te ame. Não é sequer que eu goste de ti. Mas deixei-te o controlo e só não sei como o recuperar.
Desabituei-me de mim e só não sei como me desabituar de ti. Do teu toque, do teu sabor e do teu cheiro. Anulaste-me. Por favor, elimina-me. Da tua vida, da vida que já não é nossa. Vai ser diferente com outro.
Se nunca te pedi nada, peço-te.
Por favor. Depressa.
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