Monday, December 20, 2010

Courir

Percorremos estranhos caminhos. A chegada aparentemente sempre adiada. Longitude e latitude que teimam em não se dar a conhecer. Perde-se a noção do tempo. Perde-se a noção do espaço. As voltas que não se quer que excedam os 180º caminham vertiginosamente para o dobro. Uma rotação, de resto, só passível de ser analisada à posteriori. Anda-se para trás sem que se perceba.
Mas será possível que se ande, ande, ande, ande, ande, ande, ande estando sempre no mesmo sítio? Há quem alegue que sem orientação estamos à partida condenados a andar em círculos. Sem oásis não se avança no deserto da vida. Mas quando tudo aparenta ser areia, onde podemos almejar chegar?
E como podemos chegar a algum lado sem saber onde estamos?
Corro. Sem parar. Incansável. Corro sem direcção. Murmurando uma qualquer ladaínha para que todo aquele esforço me leve a um novo lugar. À frente, apenas escolhas. A trás, as que ficaram. Mas tudo se confunde. Por vezes, as escolhas tornam-se semelhantes. Não, as mesmas.
Discorremos em palavras descabidas tentando justificar uma ou outra decisão. Incompreensível? Por mais palavras gastas não conseguimos explicar o que nos passa pela cabeça. Nem mesmo a tecnologia de tão avançada que parece estar consegue compreender na totalidade o funcionamento, a força e o poder do cérebro humano.
Corro. Sem parar. Incansável. Corro sem direcção. Esperando que um oásis se forme no meio da areia e me surpreenda. A vida é feita destes pequenos momentos inesperados, dizem. A ânsia de correr para a frente tolda-nos a visão. Não nos permite ver os oásis do passado. Ainda vivos. Prontos a ser descobertos. Como novos.
Atrás para a frente?

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