Sunday, August 15, 2010

Consequência:Causa

Da frente para trás. Só para variar. Uma nova perspectiva. Também pode ser de baixo para cima, mas no enquadramento temporal não se conjuga com a exequibilidade necessária. Espaço e tempo não são passíveis de ser analisados com as mesmas variáveis.
Da frente para trás?
A excitação do amanhã é inversamente proporcional ao tédio do ontem. O que amanhã é uma novidade, ontem é banal. Da frente para trás, a vida parece menos colorida. Não, não se trata de nascer com 100 anos e morrer recém-nascido. Essa história já foi escrita.
Da frente para trás a coragem tem de ser redobrada. Os erros cometidos amanhã são mais assustadores quando cometidos ontem. Não por serem os mesmos, mas olhando para o ontem, as justificações diminuem, os “já devias saber melhor” adensam-se num pensamento já de si baralhado por ver a sua lógica alterada.
Não se trata de fazer uma análise causa:consequência, mas consequência:causa. O que nos levou a chegar até aqui? O que nos levou a não termos amanhã tudo o que temos ontem? Da frente para trás a vida parece menos caótica, mais organizada.
Separámo-nos porque tu disseste que não querias mais. Da frente para trás fica a dúvida se de facto são essas as tuas palavras ou se são apenas aquelas que eu quero ouvir, a realidade que eu construo. De frente para trás, individualistas, só a nossa perspectiva importa.
Separámo-nos e tu não estás aqui para confirmar nem desmentir
Amanhã talvez digas que não é bem assim, que não é isso que queres dizer, que queres apenas mais atenção. Talvez digas exactamente o mesmo ontem, mas eu não estarei lá para te ouvir. Porque ontem tu dizes que não queres mais e nós separamo-nos.
E de baixo para cima?
O bater do teu pé. Os joelhos nervosos. As mãos em cima das pernas sem saberes onde as deves colocar. De baixo para cima não vejo os teus lábios a proferirem as palavras fatídicas. O teu olhar incapaz de me olhar. Atento em mil e um detalhes gravados na minha memória sem que alguma vez lhes tivesse prestado atenção.
De baixo para cima fecho os olhos para te ouvir novamente. Ouço-te apenas enquanto limpas as mãos suadas nas pernas. Como fazes sempre que mentes. De baixo para cima olho para o ontem e sinto que o amanhã deve ser diferente. Olho-me a ouvir apenas o que quero.
Separámo-nos e não preciso de ti para confirmar nem desmentir.
Da frente para trás. De baixo para cima. A vida tão diferente.
Há ainda vida para nós depois de amanhã como anteontem?

4 comments:

Ana said...

preciso de respirar depois de ler isto. Mas gostei. Há aí frases brilhantes....... importas-te que eu imprima isto e ande com isto no bolso para o ler em voz alta de quando em vez? :D

Ana said...

não o queres traduzir, também, já agora?... são só questões! :P

someofme said...

Faz o que quiseres...

e... traduzir? para inglês?!

Ana said...

estava a gozar contigo ;)