E um dia tínhamos crescido. Os pontapés na bola. As cartadas até altas horas da noite. As corridas pelo recreio da escola. Os beijos trocados nas traseiras do pavilhão. As músicas que os jovens já não conhecem mas que preencheram a nossa juventude. Tínhamos crescido. Um dia...
Não num dia qualquer! Num daqueles dias marcados por um acontecimento que não podia nunca pertencer ao mundo das crianças, dos jovens, dos adultos que continuam a viver sem olhar para trás como se fosse esse o verdadeiro elixir.
O primeiro dia de aulas. Na primária. No básico. No secundário. Na faculdade. As aulas que rapidamente se foram transformando em dias das 9 as 17, das 8 as 19, das 9 as 22, das 7 as 7. A responsabilidade a entranhar-se. Muitas vezes a estranhar-se como um sabor novo que o nosso paladar quer a todo o custo rejeitar mas que nos obrigamos a consumir. O primeiro ordenado e uma falsa sensação de liberdade. A primeira casa. Os primeiros passos sem rede. As saídas à noite com amigos. As idas à praia. As primeiras férias sem os pais a perpetuar a crença do inalterado. Tínhamos já crescido. Mas não em nenhum daqueles dias.
Crescemos entre rosas e arroz, champagne e vinho, vestidos curtos e compridos, branco e de muitas outras cores, fatos com e sem gravata, sapatos com saltos inimagináveis.
Agora é a sério. Naquele dia, tínhamos crescido.
4 comments:
já li e reli. e voltei a ler. e quero dizer alguma coisa e não me sai nada. e o texto também não me sai da cabeça.
tambem a mim nao me sai da cabeca... de tal forma que nem consigo comentar nada.
eu sei que andas assoberbado de trabalho. mas por favor escreve outro post. porque cada vez que abro a página, releio o post. e fico sempre com a mesma sensação estranha.
Estou com a cris... por favor escreve outro. Este tem dias a mais e é... duro demais.
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