Está a ser um mês de loucos. Escrevo finalmente sentado no meu sofá, o meu querido sofá do qual tinha já umas saudades ainda mais loucas que este mês.
Podia fazer aqui uma daquelas listinhas de impossíveis que se tornam realidade, mas talvez não valha a pena. «It’s not worth it», diriam eles.
Consegui emagrecer! Culpa das noites sem dormir e dos dias sem comer para que isto fosse possível. E o fim ainda não está à vista, apesar de já ter terminado. Hoje, ao sair do escritório que já foi meu, olhei para o monte de papel em cima da mesa e tive medo. Eu já ando nesta vida há uns anitos e pela primeira vez tive medo.
Resolução do dia: o relatório vai ser feito em volumes! Assim tipo enciclopédia. Com índice e lista de referências. (Ok, se calhar as referências talvez não.)
Passei duas semanas ao telefone para e com o Mundo. É uma sensação estranha. Então e organizar uma conference call? De repente dás por ti a falar que nem um louco porque o silêncio é demasiado insuportável.
Não gosto de silêncios insuportáveis. Talvez por adorar o silêncio. Aquela metáfora das conversas infindáveis sem som que deve estar espalhada um pouco por todo este blogue.
E há mil e um projectos para 2010 e eles não param de aparecer. Daqueles que implicam escolhas e cedências e a incerteza de estarmos a fazer o melhor. O melhor é fazê-los a todos! Crescer de mil e uma formas distintas e todas em simultâneo.
Tenho um plano: vou tirar a ficha da electricidade e alimentar-me de energias renováveis. No Verão, o Sol. No Inverno, as Águas. E o Fogo para aquecer o corpo quando os pés se desligam da Terra e o Ar nos leva a dar um passeio até às nuvens.
Se calhar o Fogo não é bem uma energia renovável, mas a piromania é algo que sempre me fascinou. Já imaginaram se a vida fosse um incêndio infindável? O calor sempre junto ao corpo, à alma. O calor pode ser produzido de muitas maneiras: um abraço, um caminho, uma certeza, uma palavra, um olhar, um gesto,… nem sempre é preciso duas pedras, lenha e um catalisador para que uma faísca dê início a um incêndio que nem os mais potentes helicópteros do mundo conseguem extinguir.
E o melhor de tudo é ser um daqueles imunes até a tempestades. E que nem precisa de temperaturas muito altas para se iniciar.
Eu bem que comecei por dizer que estava a ser um mês de loucos. Tenho direito a estender a loucura à minha pessoa, não tenho?
E a cereja no topo do bolo, a loucura última, o pouco que restava de sanidade a evaporar-se pelos poros da pele totalmente abertos em sinal de consentimento, a possibilidade de alegrar outros que em tempos se decidiram tornar em algo indefinido (anónimos, portanto), a cereja no topo do bolo é a decisão de largar a tela do monitor, agarrar-me com unhas, dentes, boca, mãos e demais partes corporais que com um pouco de imaginação possam cumprir o mesmo objectivo, agarrar-me com unhas e dentes ao papel.
É verdade, até dia 30 de Setembro, vou existir em papel (talvez não literalmente)!
Depois de tudo isto, só me vem algo à cabeça, as palavras que me entraram no Sábado pela segunda vez alto e a bom som por uns ouvidos com demasiada vontade de se encontrarem com uma almofada sedenta de assassinar as saudades: The battle is won with all these things that I’ve done! (The Killers)
1 comment:
vou amar ler-te, versão tipografada em papel branco.
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