Nas últimas semanas voltei a confrontar-me com a questão do anonimato. E eu que até gosto de ter opinião sobre tudo, pus-me a pensar...
Até onde é que vai o anonimato? E onde é que começa? Podemos considerar que aquelas pessoas que de forma não assumida vão espiando a nossa vida fazem parte do grupo de anónimos que nos rodeia ou será que só entram verdadeiramente nele a partir do momento em que assumem o seu anonimato?
As redes sociais virtuais e a blogoesfera (é assim que se escreve?) vieram introduzir toda uma nova dimensão nesta questão. Efectivamente, podemos espiolhar tudo o que alguém nos quiser dar a conhecer sem ter de dar a cara. Ou então, no caso da blogoesfera, quando os autores o permitem, podemos sempre assumir o nosso anonimato. Torna-se assim quase como um pseudónimo! Para a pessoa que "expõe" a sua vida, diria que até tem a sua piada. É sempre giro toda a teoria da conspiração que é possível formar em torno do anonimato, todas as conjunturas, possibilidades e hipóteses que desenvolvemos até chegarmos a um nome para aquele conjunto de 0s e 1s que povoam a tela do computador. É um processo deveras engraçado e que devia constar dos novos manuais da psicoterapia. Dá perfeitamente para saber quais os nossos casos menos bem resolvidos. É que se por vezes conseguimos de facto "identificar" a pessoa por uma expressão, comentário ou associação de ideias, na maioria dos casos "identificamos" aquela pessoa que gostaríamos que fosse, aquela pessoa que queremos ir lá buscar ao passado e trazê-la de volta para a nossa vida, aquela pessoa que secretamente desejamos que nunca se tenha esquecido de nós ou que viva nas ruas da amargura por já não nos ter por perto. Talvez por isso alimentemos a questão. É como trazer aquela pessoa de novo para junto de nós, mantendo uma distância de segurança suficientemente grande para que nem nunca tenhamos realmente a certeza de quem efectivamente se trata.
Também já tive o "my very own anónimo" que para muita infelicidade minha desapareceu sem deixar rasto. Em boa verdade, eu só me decidi a escrever tudo isto porque estou com ciúmes. Ter aquele anónimo foi bom, foi divertido, fez-me pensar em pessoas que não pensava há muito tempo e isso aqueceu-me o coração. Outras vezes o resultado é menos positivo, magoa-nos, irrita-nos, mas nem por isso deixamos de alimentar a questão. No fundo, tudo gira à volta da auto-estima e daquilo a que estamos dispostos a nos sujeitarmos para nos sentirmos melhor, mesmo quando o resultado imediato não é o mais agradável.
É que de uma forma ou de outra, estas manifestações fazem-nos crer que não fomos mais uma pessoa importante, mas que fomos simplesmente importantes.
PS: Eu cá também me vou tornar num anónimo. Garanto-vos que se algum dia algumas coisas se materializarem, o nome por baixo não será aquele pelo qual sou mais conhecido!
10 comments:
E ainda mais estranho é sentir saudades de uma pessoa com quem apenas se... tecla!
Muito estranho mesmo!
Mas já que temos direito à privacidade, acho que a devemos usar sempre que sentirmos necessidade disso.
Pois, tudo depende de como encaramos as coisas!
Há que não esquecer que apesar de tudo, as pessoas são pessoas. E agora podia entrar aqui numa boa dose de psicologia barata aplicada ao marketing, mas acho que seria chato e desinteressante. Até porque o meu "point" se resume a: não acho assim tão estranho que se sinta saudades de alguém com quem apenas se tecla! Mas como em todo o tipo de relações, acho que quando sentimos saudades, o devemos dizer.
Quanto à questão da privacidade, pois bem, a própria blogoesfera permite vários níveis de privacidade. Sem contar com duas coiss importantes:
1) Essa história de que a Internet é uma democracia é um mito (por Deus, os comentários a blogues podem ser moderados)
e 2) Qualquer pessoa que escreva num blog só escreve aquilo que quer. Cabe aos autores traçarem os limites de privacidade. E é sempre possível restringir o acesso apenas às pessoas que queremos que leiam. Acho que faz parte da blogoesfera lidar com o desconhecido.
E no meio disto tudo, acho que já me alonguei demasiado, portanto vou fazer como o senhor do texto do teu blogue diz que devemos fazer e retribuir com uns comentarários ;)
Até foste mais além na questão do que escreveste no próprio texto, nomeadamente em relação à «democracia da Internet». Claro que não o é! Só o facto de teres de pagar (e bem) para aceder à rede já é um bom filtro.
Depois, claro que concordo contigo em relação ao facto de só mostramos nos blogues o que queremos: seja por uma razão social, profissional e mesmo pessoal.
Depois, há sempre a questão do conforto do anonimato: acho que esse facto permite-nos ser mais «nós» porque não estamos a pensar na questão social.
Podemos sempre dizer que nos estamos «nas tintas» para o que os outros pensam de nós. Ok! Pode ser verdade, mas não se pode aplicar a máxima a 100 por cento.
Vivemos em sociedade, temos um papel e isso é quanto baste para ter que fazer determinadas «concessões», seja lá o que isso for ou que maneira o puder ser...
Quanto à tua dúvida: podes simplesmente dizer blogosfera. Até poupas uma letra! :)
Abraço!
The blond devil é uma boa signature... e é também o teu nome no meu telemóvel!!!
You should consider it (e não me venhas com a história do santo, que eu já te disse que nós vamos ter a mesa perta da lareira, no inferno!)
Hum... De facto, estou-me um bocado nas tintas! Desde que o que à blogosfera (ai este novo léxico é muito estranho) pertence, na blogoesfera fique. Até porque a minha dimensão social não é assim tão alargada quanto isso e não sou nenhum modelo para ninguém :P
Eu sou assumidamente má pessoa! :P
Sara... Sara... Sara... achas mesmo que isso seria um nome credível?! Já olhaste bem para o meu cabelo angelical? Hein? Depois as pessoas iam ficar confusas quando vissem a assinatura ao lado da minha caricatura com asas a sair-me das costas!... (Eu tão tenho de descobrir a foto onde eu estou vestido de anjo lol)
Gosto de como escreves num comment que és má pessoa e no outro te descreves como anjinho...
Esses cabelos louros (lindos, sim) servem para confundir. Tas a ver como os peixes mais venenosos têm as cores mais vivas?!?! É o mesmo contigo... seu lobo em pele de cordeiro!!!!
... quero ver essa foto...vou apanhar um coma de riso, sim, mas estou pronta para sacrificar a minha saúde!!!
Há que confundir as pissoas... :P
Posso também bem ser um cordeiro numa pele de lobo. Já pensaste nisso?
Eu irei procurar tal foto, irei!
... E lá está o meu cerebro a fazer conexões porcas!!!...
Podes ser o que quiseres, desde que não queiras ser santo! Eu até já admito o bom (explicado daquela nossa maneira)... mas santo?!?!?? Vais ter de desencantar uma dessas explicações milagrosas que me convencem!
... arranja por favor!!!...
Ora, posso ser um Santo dos Infernos... Não deixo de ser Santo! ;)
Quanto à foto... está difícil. Acho que deve andar pela casa da minha avó. Tenho de lá dar um pulo.
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