Wednesday, March 22, 2006

"It's a quarter to two..."

Relatório, entregue. O compasso que marca a espera move-se rapidamente. Escassos minutos foram o suficiente para que toda uma vida a dois percorresse a mente. A distância não permitia outro tipo de contacto. Eram escassas as horas em que ambos estavam acordados. Ditados do fuso horário ao qual aprenderam a habituar-se. Faltava, na realidade, pouco tempo para que Nuno retornasse a casa.
A dúvida, no entanto, assombrava-o. Apesar de todas as juras, promessas e trocas de beijos apaixonados, a distância deixa marcas nas pessoas. Ao se reencontrarem não seriam já os mesmos. Deixar para trás o que pertence ao passado. Encarar um futuro aparentemente sombrio com a força e a coragem de quem segue em frente. Lera algures que o que distingue esta característica de cobardia não é a ausência de medo. Todos somos providos deste sentimento corrosivo que nos impele à estagnação. A diferença encontra-se na capacidade de fugir para a frente.
Percorriam-lhe a cabeça estes pensamentos enquanto aguardava a tão desejada resposta. “Sim!”, nada mais. Apenas uma palavra afirmativa e um ponto de exclamação. Marco o número. Fez a mesma pergunta. “Sim!”, ouviu. E desligou. E, subitamente, aquela solitária palavra pareceu-lhe imersa, rodeada por todo um conjunto de outras palavras. O coração cheio, inundado tomou o lugar do cérebro. Amou. Ama. Talvez não seja para sempre. Será por mais uns dias…
Depois… Terão tempo para se reconhecer. Para se conhecer. Para Ser.
(Escrito entre os dias 14 e 22 de Março. Com diferentes estados de espírito. Sempre com o mesmo pensamento.)

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