Sunday, February 20, 2011

Morrer

Insistes sempre em estar aí. Em estar onde não devias estar.
Devias estar à distância do meu olhar. À distância de uma conversa não falada. Quando estás aí não consigo comunicar contigo. Não consigo saber se estás. Mesmo que sinta a tua presença
Pode ser a presença de outra pessoa qualquer.
Devias estar à distância do meu toque. À distância de uma agressão física. Encolhes-te como um pequeno animal indefeso. Sei que invado o teu espaço de cada vez que te toco. Mas só quando te toco te consigo aprender na totalidade. Sentir as cicatrizes que não queres que ninguém perceba que existem. Aquelas profundas, entranhadas na tua pele, quase perfeitas ao ponto de ninguém reparar nelas. Toco-te na face enquanto tentas desviar o olhar e nessa fracção de segundos
As tuas cicatrizes são minhas.
Não me abras a porta. Vamos ser Romeu e Julieta. Atira-me o teu lençol em corda para que possa trepar de forma incógnita pela janela. E quando te dobrares para me ajudar a ultrapassar o último obstáculo
Roubo-te um beijo. E se a emoção for mais forte. E se a lei da gravidade agir contra nós. E se pararmos de fazer força naquele pequeno momento em que olhar e toque se entrelaçam
Eu fico por baixo para que te doa menos. Serei o colchão que nunca tiveste. Serei a almofada que se confunde com a parede mas que está sempre lá.
À distância de um beijo.
Não fujas. Deixa-me entranhar-te o único veneno que nos transforma em fénix. Não fujas.
Devias estar ali. Não me perguntes onde. Ali.

1 comment:

Anonymous said...

Post palpitante neste blogue, assuntos como aqui vemos emotivam ao indivíduo que observar neste espaço !!!
Entrega muito mais deste blog, a todos os teus visitantes.