Dissemos tudo. Nem sempre por palavras.
Ainda sinto a força da tua mão no meu queixo. O sabor do sangue a escorrer pelo lábio mordido no impacto inesperado. O sal dos olhos involuntariamente a misturar-se. Sangue salgado tornado agridoce pelo teu beijo repentino no meu queixo, no meu lábio.
«Somos extremistas», disseste-me um dia. Não te contrariei. Apesar de não concordar. Não somos extremistas, somos extremados na intensidade com que sempre nos vivemos.
Se te tivesse deixado naquele dia, não nos estaria a cumprir.
Consegues entender?
Não podia simplesmente virar as costas. Afastar-me, enquanto te fitava, tornando possível que não fôssemos, pareceu-me mais consistente com o que sempre fomos.
Acredito que não. A filosofia sempre foi mais minha do que tua.
Como dizia a outra, «’Tás nem aí!» E eu sei que foste tu quem se foi embora. Comigo, no camarote, a assistir.
1 comment:
Gostei muito do texto :D
Parabéns.
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