Friday, September 04, 2009

Aqui e Aí

O cinzeiro. Branco, a chávena de café. Inscrita com traços, o copo com água. Translúcido, o maço de tabaco. Vermelho, não preto, o isqueiro. Azul, o lugar do outro lado da mesa. Sem ti!
Imaginei-te algures do outro lado do mundo. Uma imagem composta por locais imaginados, extraídos das comédias românticas que temos o hábito de assistir no cinema, das séries para televisão que fazem parte do nosso imaginário de histórias a viver, das páginas dos livros que não lemos mas com os quais enfeitamos as prateleiras. Imaginei-te do outro lado do mundo sentada num qualquer café, sem a ópera, os prédios baixos com grandes janelas, as torres com os seus sinos a avisar-te que a tarde já vai longa. Imaginei-te num qualquer café ladeada por prédios muito altos que não deixam o horizonte se fazer sentir, por parques imensos que te preenchem da esperança que só a sede de viver pode trazer. Imaginei-te com um lugar do outro lado da mesa. Sem mim!
Sorri ao passar do eléctrico. Ao me lembrar da viagem que vamos fazer. Apenas porque sim, porque queremos atravessar a cidade qual turistas vindos de um qualquer local estranho e desconhecido. Fiz um esforço para adivinhar qual seria o equivalente desse lado do mundo ao nosso eléctrico. Não sei. Mas tu saberás quando eu chegar. Para as nossas viagens. Muitas. Daquelas que se fazem entre gargalhadas, risos, sorrisos e abraços, sem sair do sofá.
E os jantares? Já pensaste nos jantares? Aqueles que para mim serão uma ceia ou para ti um lanche.
E as saídas à noite? Já pensaste que agora podemos sair duas vezes na mesma noite para dois sítios diferentes?
E as histórias? E as confusões? E... Agora a vida é vivida e revivida. A dobrar.
Estás aí e eu estou aqui e o aqui e o aí estão apenas separados pela distância de uma mesa de café com um lugar preenchido pela nossa capacidade de nos imaginarmos aos dois ladeados por óperas e parques e torres e prédios muito altos.

2 comments:

Ana said...

odeio-te. conseguiste.
amo-te. com todas as forças, com todo o meu corpo, com toda a minha energia e vontade de te imaginar neste café, de me imaginar nesse café, de criar um café só nosso, no meio das nossas viagens.

amo-te a preto e branco e a todas as outras cores. amo-te de uma maneira especial de mais para juntar à palavra amo-te, que tantas vezes se usa. amo-te deste outro lado do mundo, aí ao teu lado.

mas agora odeio-te... sim... na quantidade certa ;)

*

someofme said...

eu sou um santo... depois respondo-te que agora não estou inspirado :P