- Achas-me patético?!
- Tu não te achas?
- Devia?
- Claro!
- Ai sim?
- Sim!
- Queres explicar-me porque sou patético?
- Somos todos. És diferente dos outros?
- Tens dúvidas?
- Porque sentes que te estou a insultar?
- Não estás?!
- Não!...
- Ao menos agora vais explicar-me?
- Não!
- Porque não?
- Porque não irás compreender…
- Porque me tens em tão má conta?
- Não tenho. Até te tenho em muito boa conta.
- “Até…”, como eu detesto frases começadas por “até”…
- Detestas?
- Detesto! São só uma forma de tornar os antónimos mais bonitos.
- Que queres dizer com isso?
- Que me tens em muito má conta.
- Porque pensas assim?
- Porque me achas patético?
- É um elogio.
- Um elogio?
- Sim! Uma forma de ver, de estar na vida.
- Achas que tenho uma forma patética de estar na vida?
- Bonita!
- Bonita?!
- É patética, mas é bonita!
- Porquê? Como é isso possível?
- Porque sorrio quase sempre que te leio, um sorriso sincero.
- Sorris? Quando me lês?
- Quando te leio os olhos, quando me dás a conhecer aquilo que não senti, que não vi, que não fiz, que não…
- E achas que tudo isso é patético?
- Porque o sorriso é sincero!
- Por oposição ao quê?
- Ao irónico…
- O irónico não é bonito?
- O sorriso é amarelo por maior que seja a gargalhada. No final, o travo é amargo.
- O travo do patético é doce?
- Já te esqueceste dos desenhos?
- Os desenhos?
- Os animados.
- Ah, e quem te disse que eu quero que esteja sempre tudo bem, ser sempre feliz?
- Não acredito que sejas. É isso que te torna igual aos outros.
- Hum…?
- Não consegues fugir a um pouco de ironia de quando em vez.
- E quem te disse que o queria?
*A partir desta frase: “They say life is ironic i think what they really meant is beautifully pathetic.” (by Nuno Branco)
1 comment:
Beautiful reading of the human mind... as always!
;)
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