Caminhar

É estranho. Quando deixamos de conseguir ver o caminho à nossa frente. É estranho. Quando as encruzilhadas se multiplicam e os becos parecem não ter saída. Longos, a não nos deixar ver a parede que se avizinha à nossa frente, ao virar duma esquina, quando entramos pela primeira vez neles. É estranho. Sermos obrigados a andar tudo para trás, a voltarmos ao início, a escolher um novo caminho sem sabermos se vamos encontrar mais tijolos. Olhamos para o passado esperançosos que isso nos ajude a desvendar o futuro, a fazer novas e melhores escolhas, a não escolher os becos. É estranho. Que de cada vez que regressamos ao ponto de partida, os nossos pés fiquem mais pesados, não se querendo mexer. Divididos entre a certeza de caminhar livremente e a possibilidade de ser apenas mais uma tentativa infrutífera de não bater de frente numa parede.