Porque não atendes? Porque não me respondes? Porque não dás sinais de vida? Onde estás?
Vou para longe.
O que te aconteceu? O que nos aconteceu? Porque desapareceste assim sem dizer nada? Sem uma morada, sem um contacto, um número de telefone…
Quero que saibas que o meu coração estará mais pequenino sem ti. Sei porque me vim embora. Não posso voltar.
Diz-me onde estás!
Corro para a frente por ter medo daquilo que deixo para trás.
Consegues sentir a minha angústia por não estares ao meu lado? Diz-me onde estás que eu vou ter contigo. Rasgo as estradas, parto as portas, estilhaço janelas, correrei até te encontrar.
Quero-te, desejo-te, estou apaixonado por ti. Estou apaixonado por ti desde que me conheço como gente. Vivi à tua espera…
Percorro todos os locais por onde costumávamos ficar. Ninguém sabe de ti. Ninguém te viu. O meu desespero cresce exponencialmente à medida que as horas vão passando. Não sei viver sem ti.
…e quando finalmente te pude encostar no meu peito e beijar-te a testa senti os meus braços cederem ao cansaço, as lágrimas a caírem pela face e a alegria a ser maior que eu. Fugi. Fujo afogado por uma felicidade que é maior que as minhas forças. Fujo da vulnerabilidade e do descontrolo. E mesmo assim não consigo. Não me quero despedir de ti.
Não me quero despedir de ti. Não me consigo despedir de ti. Preciso de ti aqui, ao meu lado, junto a mim.
Os segundos passam com o peso da eternidade. Uma eternidade imersa na tua ausência.
Preciso do teu abraço forte, do teu beijo terno na minha testa. Preciso de sentir o teu cheiro, o teu paladar, as tuas mãos grossas a envolverem-me.
Ainda sinto nos meus lábios a doçura dos teus beijos. Concentro-me e sinto-te junto a mim, aninhando-te no meu corpo.
Percorro na minha cabeça as últimas horas que passámos juntos e não consigo perceber. Não compreendo porque desapareceste. Demorámos tanto tempo a encontrar-nos. Foi duro. Dolorosamente lento. E a qualquer momento te podias ter afastado. Porquê agora? Porquê depois de nos termos finalmente tornado unos?
Quero que saibas que não parto de ânimo leve. Pensei em escrever-te uma carta para me despedir de ti. Pensei em deixar-te uma mensagem de voz no telemóvel. Pensei em enviar-te um e-mail. Pensei em fazer um vídeo ou uma gravação áudio e deixá-la à porta de tua casa para que a encontrasses.
Divido a minha atenção entre o e-mail e a espera pelo carteiro da tarde, como antigamente. Apercebo-me que é sábado e que é uma tolice minha. Não teria tido tempo de chegar nenhuma carta, postal ou telegrama a não ser que fosses tu a entregá-lo.
Não consigo escrever ou falar sobre me ir embora, sobre te deixar. Não consegui. Não quero.
Ligas-me de volta. Recalquei o desespero que senti por não me atenderes o telefone hoje de manhã. Não te disse nada. Não sei se o sentiste, mas preferi não te dizer nada. Não te quero assustar. Não consigo. Não me quero despedir de ti.
Não consigo. Não me quero despedir de ti. Pego no telefone e ligo-te como se nada tivesse acontecido. Estranhei a quantidade de chamadas não atendidas, mas posso sentir o teu sorriso do outro lado do telefone quando me atendes. Está tudo bem.
7 comments:
continuo a achar, devias partilhar mais a tua escrita, é linda...
obrigado :) sejas tu quem fores...
E agora uma private joke,... Cris, Cris, o meu very own "Anónimo" :D mas este diz-me coisas bonitas!
btw... o que raio é que tu entendes por "partilhar mais"? Só agora me apercebi que isso me assustou...
escreve um livro
talvez... quem sabe... talvez seja uma realidade mais real do que se calhar imaginas!
ficamos a espera
Bom, do escrever à edição para que algo possa chegar às mãos de alguém vai um passo de gigante. Mas pode sempre acontecer que efectivamente eu escreva um livro e opte por fazer uma pequena edição a distribuir por alguns conhecidos e te chegue um exemplar às mãos.
Post a Comment