Este texto vem na sequência de um "desafio" ao qual me propus num blog amigo. Por isso, passem por lá para que o contexto faça mais sentido. ;)
Confessando, fiquei um pouco "espantado" quando li o texto da Sway, porque ainda na noite anterior tinha estado a falar com o Mr. D. sobre precisamente o mesmo assunto. Acho que foi aí que me apercebi. Todos falamos do mesmo: relações (amorosas, entenda-se, mas se calhar tudo isto se aplica aos relacionamentos em geral)! Parece que o tema está a invadir todos os espaços por onde me vou movimentando. Em bem verdade, o tema é um pouco mais específico. Não se fala apenas de relações, mas do fim das mesmas. Sinto que, antes de mais, tenho de fazer uma pequena distinção, porque me parece que há 3 fins possíveis e que cada um deles acarreta consequências diferentes para as partes envolvidas. Ora então vejamos:
Alguém termina uma relação connosco.
Nós terminamos uma relação com alguém.
A dita cuja nem sequer sai da cepa torta.
Apesar da convicção de que isto não será nada consensual, coloquei estas três possibilidades em ordem crescente consoante o grau de sofrimento a elas associado. Pelo menos é o que a minha experiência me diz e me faz sentir. Não há nada pior que uma relação que nem sequer começa. Acho que são essas aquelas que nos perseguem para o resto da vida. Aquelas que queremos desesperadamente que tenham início, porque queremos saber como seria, queremos experimentar e enquanto não o conseguirmos não tiramos daí a ideia. Às vezes a coisa até acaba por se dar e, muitas vezes, rapidamente percebemos que não era nada daquilo que queríamos. É mais uma vez aquela história do Eros e de como muitas vezes perdemos o interesse pelas coisas assim que as temos. É fodido, diria eu.
Depois há aquelas relações que somos nós a terminar. Parece tudo fácil, não é? Pois eu cá acho que não. Já repararam bem no grau de escolha e decisão que está associado a este tipo de fim? Está tudo nas nossas mãos. É a nossa opção, somos nós que acabamos a decidir sobre o nosso futuro e o futuro da outra pessoa. E se estivermos a tomar a decisão errada? E se for tudo apenas uma fase e aquela chama inicial se reacender e tudo voltar a ser bonito e podermos acordar de manhã com os passarinhos novamente a cantar só porque vamos passar o dia com aquela pessoa? E se nunca mais encontrarmos ninguém? E se...?
Por fim, o fim. Aquele que não está nas nossas mãos, aquele sobre o qual não temos voto na matéria, vontade, opção ou decisão. Quando alguém termina uma relação connosco, não nos pergunta se é isso que queremos (por obviamente não será... e daí... mas isso fica para uma próxima vez). O que é que nos resta? Simples, sentirmo-nos miseráveis. Sem dúvidas, sem medos, sem incertezas, sem mais nada, simplesmente miseráveis. No meio de tudo isto não vos parece o mais simples?
Concentremo-nos nesta última questão porque normalmente é aqui que toda a diversão se centra. É aqui que normalmente encontramos uma panóplia de conselhos que mesmo quando não nos são dados, nós conseguimos jurar de joelhos no chão que os nossos amigos os insinuaram. E os meus dois favoritos são estes: "O tempo cura tudo!" e "A vida continua!". Quanto ao segundo, vem-me sempre uma questão à cabeça. É certo que a vida continua, mas será que nós continuamos com ela? E acho que isto diz tudo, até porque na verdade o texto da Sway é sobre o tempo e portanto tudo o que escrevi até agora foi apenas a introdução. O que me faz querer parecer que isto já vai demasiado longo.
Assim sendo, não me vou prolongar muito mais. Como dizia também em conversa no outro dia, a minha opinião tem andado um pouco volátil. Daí que apesar de ter estado a defender junto do Mr. D. que o tempo não é tudo, depois de ler o texto da Sway tenha ficado a acreditar um bocadinho mais que de facto o tempo pode ser uma boa cura. No entanto, deixem-me explicar-vos o meu ponto de vista. Já vos aconteceu deixarem passar o tão desejado tempo, pensarem que estão "curados" e, do nada, cruzarem-se com aquela pessoa e sentirem que voltaram dias, semanas, meses ou até mesmo anos atrás no tempo? Acho que às vezes temos de dar um empurrãozito ao tempo, ou seja, nem todos os recalcamentos são eficazes à primeira. Se calhar precisamos simplesmente de ouvir aquele "não" vezes e vezes sem conta até que ele se entranhe em nós, na nossa consciência e forme um qualquer tipo de bloqueio que nos permite racionalizar de tal forma os sentimentos que estes se tornam insignificantes.
Parece-me a mim que o tempo actua de duas formas distintas, ora ajudando a recalcar, ora criando uma distância tal que aquela pessoa se torna apenas numa idealização daquilo que queríamos, bastante diferente da realidade. Eu até sou a favor de alguns recalcamentos, desde que bem feitos para que nunca venham ao de cima. Quanto à segunda hipótese, acho que a confrontação ajuda bastante, ou seja, por vezes não há nada melhor que esbarrarmos com a dita pessoa para percebermos o quanto ela não corresponde à imagem que criámos na nossa cabeça, coração ou seja lá onde for que tenha sido.
Fico-me por aqui. Mas não sem antes pedir desculpa por este "fabulástico" texto que provavelmente nem deve fazer grande sentido. Prometo (ver mais acima o meu texto sobre promessas) que tentarei ficar-me mais pela ficção e não escrever estes textos tão "opinativos".
Beijos e abraços a quem de direito,
someofme
Saturday, March 08, 2008
Ai as relações!
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1 comment:
Ahhhh, tens toda a razão... O tempo é volátil... E quantas vezes não já passámos por uma pessoa que já pensámos ter esquecido e, num segundo, a presença dessa pessoa arrasa meses e meses de trabalho?!...
Concordo profundamente contigo noutra coisa... As piores relações, as mais fodidas de superar e de "move on past it" são as que nunca chegaram a ser. Porque se pegam à tua pele e não te deixam em paz. Porque na verdade, aquela pessoa nunca te tocou mas tu já imaginaste todos os toques que poderia ter tocado. Porque nunca te beijou mas tu sabes como essa pessoa sabe!... Acho que, quando acabar de escrever ali um bodycopy, vou escrever sobre isso... Ficou-me a apetecer! ;)
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