Vi-te! Vinhas ainda longe quando te senti aproximar e corri para a janela. Vi-te! No alto da minha torre, confundias-te com a paisagem. Essa imensidão de nada que me circundava e teimava em não se preencher. Vi-te! Chegaste cavalgando, cabelos ao vento. Continuavas longe mas eu sentia a tua presença cada vez mais próxima, como se a cada metro percorrido rodasses lentamente a fechadura que se havia apoderado da minha alma. Vi-te! No horizonte, o sol começava já a fundir-se com a terra, conferindo um brilho próprio nas tuas vestes brancas. Vi-te! Chegaste na minha hora preferida do dia. Era Outono. Os dias tornavam-se já frios, cheios dessa morte que nos traz o Inverno. Uma morte tão poderosa e necessária, capaz de originar a própria vida apenas poucos meses depois. Vi-te! Cavalgavas por cima das folhas caídas não sei de onde. Não havia árvores por aqui. Vi-te! Vinhas ainda longe, mas eu era já capaz de sentir as tuas mãos a tocarem o meu rosto. Ias libertar-me…
No comments:
Post a Comment