Wednesday, December 07, 2005

Pessoas

Pessoas. Há pessoas que me intrigam. Coisas nas pessoas. Há coisas nas pessoas que me intrigam. Não. Não vou começar a divagar sobre existencialismos ou algo do género. Ou talvez, apenas talvez, se trate disso mesmo. Problemas existencialistas.
Se há coisa que sempre me meteu uma certa confusão foi a capacidade que as pessoas têm para querer a vida que não podem. Melhor ou pior todos nos vamos aguentando. Mas há pessoas que simplesmente insistem em viver para além das possibilidades. A que se deve isso?
Mimo. O mimo é um factor crucial. Torna as pessoas exigentes. Impede-as de saberem ouvir um “Não!” no que toca a materialismos. Se bem que, na realidade, até aqui está tudo bem. O problema é quando isso se reflecte nas relações que temos com os outros.
Atentemos, por momentos, no seguinte exemplo. Um rapaz de classe média, estudante, o local de estudo não coincide com a cidade natal, é preciso pagar uma vida numa cidade mais cara do que a de origem, e os pais têm de fazer uma ginástica orçamental mensal porque ainda há que pagar os luxos do pobre rapaz. Luxos dos mais variados. Ele são roupas, carro, gasolina (que andar de transportes é mentira), computador, saídas à noite… A lista é extensa. O mesmo rapaz acha que pode exigir o mesmo dos amigos. A atenção tem de estar toda centrada nele. Ou há amuo certo. Quando chega a altura de retribuir… Isso importa?! Como este rapaz haverá certamente dezenas ou centenas de rapazes e raparigas iguais.
Que fazer com estas pessoas? Vivemos sempre na esperança de que a vida será mãe e conselheira. Até ao dia… Enchemos, fartamo-nos e limitamo-nos a mandá-los dar uma curva ali ao bilhar grande. Naturalmente que elas amuam, batem o pé, fazem birra, choram, berram, estrebucham. E de quem foi a culpa?! Nossa, claro. Para o bem ou para o mal, a culpa é sempre dos outros.
Esta é a minha homenagem a este tipo de aves raras. Pessoas-aves. Pessoas que raramente se sabem comportar. Pessoas que implicam com tudo e com todos. Pessoas que desdenham daquilo que gostavam de ser, que gostavam de ter porque não o podem fazer. Ou então lá vão a correr para o colo dos pais a amuar, bater o pé, fazer birra, chorar, berrar, estrebuchar até terem o que desejam.
Pessoas.

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