É verdade, comprei um Moleskine. (Na realidade até comprei doi mas isso é outra história.) Hoje escrevi nele pela primeira vez. Vou aqui deixar as únicas palavras que povoam aquelas páginas. Talvez por viram a ser mesmo as únicas. Ou talvez porque tudo o resto não venha a ser "partilhável". Não sei... Mas deixando-me de conversas, aqui ficam as palavras.
«Cada vez que compro um caderno e nele começo a escrever é como se um pedaço da minha própria vida ali começasse. Tenho vários cadernos perdidos pelos mais diversos sítios. Todos inacabados.
Digam o que disserem, não sei escrever no computador. Gosto de sentir a caneta, a textura do papel. Ostento com orgulho o meu calo da escrita.
Decidi-me, finalmente, a comprar este caderninho preto cheio de páginas em branco. "O caderninho dos escritores" como alguns lhe chamam. Não é, de todo, uma auto-afirmação. Seria um orgulho para mim se algum dia me considerasse escritor. Falta-me a qualidade, a competência ou, talvez simplesmente, a segurança. Sou, no entanto, um autor. De pequenos textos que me preenchem o ego quando alguém diz gostar de os ler. Por vezes. Muitas vezes tenho a sensação de que apenas o fazem por serem meus amigos.
Tenho esta minha paixão por livros. Não tanto pela leitura mas pelo objecto que são os livros. Gosto de os folhear, de os sentir, se os ver na prateleira, de os comprar. Não acredito muito em resoluções mas vou fazer uma. Quase um ano depois, que a Matilde voe e ganhe asas. Que a Matilde, o Bernardo e a Paula possam vir a existir na imaginação daqueles que me rodeiam. Que ganhem corpo e alma e vivam. Para além do papel...
Não sei o que virá a povoar as páginas deste pequeno caderninho. Algo entre a ficção e a realidade. Ou nada. Apenas a cor e a textura das páginas que se seguem.
Mas não custa acreditar. Tentar. Acreditar e tentar. Não há nada a perder. Pode haver tudo para ganhar...
03/12/2005»
1 comment:
quando tu dizes que a matilde voe... estás a pensar no que eu estou a pensar ou nem por isso? need explanations
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