Wednesday, September 29, 2004

Recordações

Não acho que tenha um especial dom para a escrita, muito pelo contrário. Sou mesmo bastante crítico em relação à minha maneira de escrever. Contudo, prometi a uma pessoa muito especial enviar-lhe uma pequena selecção de alguns textos que em tempos produzi. Coisa pouca. Sempre pequenas coisas. Ainda estou a pensar que textos vou incluir neste pobre ficheiro, mas estando hoje a passear por eles deparei-me com algumas frases que me pareceram engraçadas, interessantes ou simplesmente bonitas. Certamente que serei a única pessoa a partilhar desta opinião. Detalhes. Quero, por isso, partilha-lhas aqui com os meus leitores invisíveis (eu próprio que como não tenho um espelho aqui e agora não me consigo ver). Certamente que descontextualizadas não farão muito sentido. Mas o António Lobo Antunes faz isso mesmo e vende milhares de livros...

"Por tua vontade, o purgatório será meu!"

"Um dia, pus-te num pedestal. Nesse dia, deixaste de existir. A tua pessoa fora aniquilada para dar lugar a um ideal. Um sonho."

"Faço-o para saber que o purgatório a que me destinaste puderá vir a mutar-se em céu. Azul. Com um sol radioso. Como tu tanto gostas. Uma daquelas manhãs frias de Inverno. Em que o prazer de viver atinge o auge."

"Andreia soltou uma última lágrima. Sabia que Rui tinha de ir, que o avião partiria daí a pouco mais de três horas com ou sem ele. Não queria ter de o ver desaparecer por aquelas portas tão desprovidas de emoção, embora já tivessem assistido a múltiplas despedidas. Pedira, por isso, a Carla para deixar Rui no aeroporto. Deu-lhe um último beijo. Sussurrou-lhe algumas palavras ao ouvido, «Para sempre é sempre por um triz. Diz quantos desastres tem a minha mão. Diz se é perigoso a gente ser feliz.»"

"Por ti vivi, por ti morrerei."

"Queria abraçar-te. Queria mostrar-te o céu e a terra. Levar-te ao fim do mundo e fazer-te acreditar que a vida é bela, apesar de nem sempre eu o sentir.
Queria segredar-te ao ouvido o quão importante és, o quanto amo a nossa amizade, como a vida seria inútil e desprovida de sentido sem ela.
Queria abraçar-te. Queria encher-te de beijos e de mimo para que a tua dor fosse menos pesada, para te ajudar a carregar a cruz. Queria tirar-te o fardo de cima. Queria carregá-lo por ti para que não mais sofresses. Queria limpar-te as lágrimas e secar-te a fonte da dor para que não mais chorasses de tristeza...
Por vezes faltam as forças, a coragem para o dizer e constantemente repetir. Por vezes, o medo de ser mal interpretado assombra tudo o resto. Por vezes...
Mas sobra sempre a esperança. A esperança de que o saibas, que o sintas.
Não sei como continuar, que mais dizer ou fazer. Sentir-te mal arrasa-me, deixa-me de rastos, leva-me ao limite da angústia causada pelo sentimento de impotência.

Simplesmente, queria ver-te bem.
E não sei que mais fazer ou dizer para que isso se torne realidade..."

"-Shall we die?
-Oh please, be my guest...
Ladies and gentlemen... Welcome to best place to find death, my house! Here you can choose how you want to die... Shall it be murder? Or maybe suicide? Whatever you wish, you can be sure to find..."

E pronto... Uma manta de retalhos que me fazem lembrar vários momentos dispersos da minha vida. O estranho é que ao relê-los é como se revivesse cada sentimento por detrás de cada uma destas palavras. Se elas pudessem falar para além daquilo que significam, tenho medo do que pudessem dizer.

Hasta la vista

3 comments:

Alien said...

I'll be waiting... anxious (a culpa é da manta de retalhos que apresentaste)=)bjs

Unknown said...

Comecei por desejar poder bater-te por achares que não tens jeito para a escrita, depois continuei a leitura e descobri que muitas das frases que ali põe me são, de alguma forma familiares e, nesse momento, desejei abraçar-te por saber que estás na minha vida há algum tempo (principalmente pela qualidade e não tanto pela quantidade). Foi então que percebi que não preciso dizer nada quanto à tua capacidade de escrita, porque sei que conheces o poder das palavras, o que elas podem fazer... por teres revivido esses momentos de frases soltas e por me teres feito a mim revivê-los também (ainda que com significados e formas obviamente diferentes) penso que tens a tua resposta à tua falta de jeito literária...

Unknown said...

para quem diz que eu sou lamechas nas coisas que escrevo... foste capaz de escolher uma selecção de fazer chorar as pedras da calçada ;) mas sim... dá vontade de te bater quando dizes que não sabes escrever... mas sim, também já desisti de o fazer, pois sei que no fundo tu conheces-te o suficiente para saberes se escreves bem ou mal ;) *